Espero que gostem do capitulo e se divirtam!!
E estejam atentos estes dias ao blog, provavelmente breve vai haver surpresas xD
Este capitulo é importante!
E depois comentem ;)
Capitulo 16 – Cemitério
Tinha 6. Mike tinha 8. Ambos estávamos numa roupa bonita, enquanto segurávamos a mão do meu pai. Todos olhávamos a campa em mármore fria da minha mãe.
- Pai? – chamei baixinho na minha voz infantil
- Sim, cenourinha? – estendeu os braços para mim, e pegou-me ao colo.
- Podemos ir embora, agora?
O meu irmão olhava ansioso para o meu pai também. O rosto infantil passara de sereno para ansioso, enquanto tal como eu esperava a resposta. Tanto ele como eu não gostávamos de ver a fotografia da nossa mãe numa pedra tão fria. Não gostávamos da sensação de ver o meu pai são triste.
- Sim, podemos.
Colocou-me no chão, e agachou-se ao lado da pedra fria, tinha a inscrição do nome da minha mãe. Levou os dedos a acariciar a foto da bonita mulher sorrindo.
Saímos do cemitério em silencio.
Nunca gostei muito de cemitérios. Eram tão frios, mesmo nos dias quentes e com o sol brilhante. Mike nunca gostou deles também. Na verdade, mais do que eu. Sabia que ele se mantinha calmo na postura, mas que a sua mente estava agitada de mais. Sempre percebi isso pela forma como ele ficava ligeiramente corado e respirava mais profundamente. E pela forma como ficava o resto do dia calado, não importava o quanto eu pudesse provocá-lo.
Eu percebia isso. Não fui a única a perder a mãe. Era diferente, porque eu sentia a culpa, lembraria sempre os momentos em que a vi na banheira de água vermelha, e senti a mesma água fria e gelada molharem a minha camisola floral quando saltei para lá chamando-a com voz assustada e infantil.
Mas Mike perdeu a mãe também. Eu chorei por dias, Mike chorou no dia da morte dela, e no dia do seu ultimo adeus. Depois daí, ele sempre tinha sido aquele que ficara com a tarefa mais difícil, o de ajudar o pai a rir, e implicar comigo para me tirar da nostalgia. Lembro-me que durante o primeiro ano, eu o ouvia ás vezes o seu choro á noite, no seu quarto.
Eu lembro-me que foi ele, que com 7 anos, segurou a irmã de 5, enquanto a mãe era enterrada. E era esse mesmo rapaz com quem eu gritava o tempo todo. Com quem implicava. Mas ambos sabíamos que estávamos lá um para o outro.
E era o mesmo Mike, com a sua antipatia por cemitérios que eu observava pelo vidro do carro. O vidro era negro, nada se via para dentro, mas eu via o exterior.
Vi Mike, não muito diferente. Ele estava no cemitério, colocava flores numa campa, e ficou lá algum tempo. Até o final da tarde, se transformar em noite. Depois foi-se. Já o tinha observado praticamente o dia todo. Ele estava feliz, o meu pai estava bem também. Mike estava na faculdade a tirar medicina. O que foi um choque. Mas ele estava diferente, na forma como falava. Talvez a rapariga de cabelos curtos castanhos que almoçou com ele tivesse muito a ver com isso. Eles amavam-se, notava-se pela forma como olhavam um para o outro. E pelas piadas de Mike, o meu pai devia ter alguma namorada mais séria. Ele sempre foi tendo namoradas, apenas nunca pensou viver com uma depois da minha mãe. Esperava que ele viesse a entregar o que restara do coração dele a outra mulher, ser feliz.
Eu sabia, sabia que aquela campa devia ser a minha. Levou algum tempo para que sai-se do carro, com óculos escuros e o capuz da camisola preta na cabeça. Alexander ia ao meu lado, num silencio reconfortante.
Foi muito estranho ver o meu nome na campa. A minha data de nascimento, a data da minha morte. Ver uma foto minha, sorrindo. Os olhos risonhos, as bochechas coradas.
Pensei que aquela rapariga de certa forma tinha morrido. A vida dela tinha acabado. Ela não tinha irmão agora, nem pai. Nem melhor amiga. A rapariga da foto não tinha mais vida humana.
Só tinha o homem alto e protetor que estava ao seu lado. Alexander.
Quando olhei para ele, vi no seu olhar saudade. Saudade da rapariga que tinha sido, que eu nunca tinha querido voltar a ser.
E foi o gesto dele, que me sufocou.
Foi a forma como ele se ajoelhou no chão e levou os dedos aos lábios, para depois correr pela minha foto. Saudade. Perda. Tudo isso nos seus olhos.
Foi a forma como eu percebi que, por mais dor que tivesse passado com tudo aquilo que a transformação implicou, Alexander também sofreu. E, aquela tinha sido a sua grande prova de amor.
Ele amam-me. Sempre me amou. Só, não teve outra hipótese. Porque, agora mesmo, não havia nada em todo o mundo que eu não fizesse para ficar com ele. Para sempre.
Estávamos no miradouro, onde nos beijamos pela primeira vez. Onde tivemos tantas conversas. Ambos nos apoiávamos na grade, já sem os óculos e os casacos encapuzados para nos ocultar, ninguém estava por perto. Fitávamos o horizonte. Deviam ser quase duas da manha, e poucas palavras tínhamos trocado depois de sairmos do cemitério e passar pela minha antiga casa, onde pude ver ao longe o meu irmão e o meu pai a jantarem..
- Estás bem, pequena?
- Sim. – sorri-lhe de verdade – Estou mesmo. Devia ter vindo cá mais cedo. E tu, estás bem?
Corri a mão pelo seu cabelo sedoso, enquanto me via refletida nos olhos dele.
- Estou bem, se tu estiveres bem.
- Sabes uma coisa? – sorri enquanto acariciava o seu rosto – Eu amo-te assim do tamanho do universo.
- Assim tanto? – riu com os olhos iluminados.
- Sim, senhor! – ele beijou o meu nariz e depois os meus lábios – Eu sei, que tens saudades minhas. Eu sei, que sentes falta da Nikka daquela foto. Mas eu prometo, a partir de hoje, eu sou aquela rapariga de novo. Não humana, não é isso que quero dizer. Eu sou aquela Nikka. Eu sinto-me aquela Nikka. – segurei o seu rosto nas minhas mãos, sem parar de o fitar – E nunca mais deixarei de ser. Eu prometo.
- O que mudou? – as suas mãos cobriram as minhas, atento ás minhas palavras.
- Eu vi. Vi a tua prova de amor. Foi amor o que fizeste. Tu sabias melhor do que ninguém o que viria a acontecer com os meus sentimentos. Tu conhecias-me. Estiveste disposto a matar aquilo que amavas mais, a nunca mais ver a Nikka que te fitava apaixonada enquanto ouvia apenas o som da tua voz. Tu estavas disposto a sofreres a quebrar regras, destruir um império por minha causa. A perderes-me para sempre. Só, para eu sobreviver. Para não me deixares morrer. Eu percebo, porque neste momento, meu amor, eu sei que faria o mesmo por ti. Não há nada, nada que não faria por ti. E quero que saibas isso, que te percebo e que não existe nada para perdoar no teu acto.
- Nikka…
- Deixa-me terminar. Durante este tempo todo, eu fiz luto pela vida que deixei para trás. Pela minha família. Pela vida que poderia ter tido. Mas eu vi hoje, mais do que nunca. Não existia vida nisso, se eu ficasse a naquela realidade. Que não quero aquela vida, quero esta. A minha vida, és tu. Sempre foste tu. Sempre serás tu.
Abracei-o, encostando a cabeça no seu peito. Fechei os olhos, senti o seu cheiro. O seu calor.
- Agora, se pudesse escolher entre ser humana e estar naquela casa com a minha família e um dia vir a ser mãe, envelhecer a ver filhos e netos crescerem… se pudesse escolher isso, eu não queria. Não queria. Porque tu não estarias lá. E eu quero-te, só a ti. Eu quero sentir o teu toque quente, quero sentir o teu cheiro. Quero-te a ti, vampiro, rei, arrogante, teimoso, protetor, criador. Quero tudo. Quero o meu amor. Para sempre.
Os seus dedos fizeram levantar-me o rosto e fitar os seus olhos vulneráveis, procurando a verdade nos meus. E era a verdade que ele encontrava. A verdade absoluta.
- Obrigada, Alex. Por teres tido a coragem para lutares por mim.
Saltei para o seu colo e beijei a sua boca, agarrando o seu cabelo. Senti-me leve, senti-me eu mesma. A pessoa que sempre tinha sido. A Nikka que amava Alexander. E senti-me como me devia sentir. Amada por ele.
- Chega! – disse ofegante enquanto o seu corpo quente cobria o meu. – rendo-me.
Ele riu e beijou a minha boca ofegante enquanto soltava os meus pulsos e se levantava de cima do meu corpo. Ele não estava ofegante, minimamente desalinhado. Eu devia estar vermelha e descabelada.
Assim que ele virou costas, eu levantei-me rápido e saltei para as suas costas, dando-lhe um beijo no pescoço.
- Apanhei-te! – ri enquanto saltava das suas costas para o chão e o fitava vitoriosa
- Batoteira! – semicerrou os olhos. – Eu já te tinha desarmado.
- Oh não venhas com coisa…. Disseste que o ponto mais vulnerável de um vampiro era o pescoço ou o coração. Que era a maneira mais rápida de acabar com os vampiros normais. Por isso eu podia ter feito um bom estrago na tua garganta…
Ele riu.
- Supostamente já estavas morta.
- Não estava nada! Eu só fingi que me rendi.
- Sim, porque obvio que vampiros aceitam rendições. – ironizou.
Tínhamos passado a semana toda em lições. Onde ele me falou dos clãs nos primeiros dias, e nas histórias deles. Algumas já sabia porque tinha passado muito tempo na biblioteca e nos registos nos primeiros tempos como vampira. Depois ensinou-me a orientar-me melhor na floresta, e ontem e hoje estávamos a treinar numa sala espaçosa, como me podia defender num possível ataque de um vampiro. Mas tinha a sensação que ele nunca me ia deixar lutar assim, pelo menos não se pudesse evitar.
Quando tentei aproveitar que ele ia acrescentar qualquer coisa, tentei fazer-lhe uma rasteira, mas ele não caiu nessa. Tentei esmurrar o seu estomago, nele não faria nada, a minha força comparada á dele era ridícula. Ele sentiria cocegas. Mas num vampiro normal, seria sentido. Mas era impossível! Mesmo ele fazendo para ficar mais lento, eu nem chegava perto de tocá-lo. Ele neutralizava-me sempre.
Quando ele me segurou na parede pelos ombros, eu beijei a sua boca. Abri os olhos, e sorri na sua boca enquanto lhe acertava no local do coração.
- Apanhado.
Ele riu, e tirou os cabelos despenteados que invadiram o meu rosto. Revirou os olhos.
Nessa noite, eu ouvi um barulho estrondoso na parte de fora do castelo. Assustada, fui á procura de Alex. E aí percebi que os grandes barulhos eram provocados por ele.
- ALEX!
Ele e Alain estavam numa luta. E a culpada devia ser eu. Porque tinha contado ontem a Alex que o Alain sabia que o Yakiv me tinha conhecido. O tema surgiu porque Yakiv parecia que se estava a integrar num clã nos Estados Unidos. Ele tinha partido para esse clã um dia depois de ter contado a Alex quem ele era.
Pensei que Alain estaria na Austrália e tão cedo não voltasse. Parece que Alex devia ter feito uma ligação.
- Afasta-te. – rugiu-me Alex, enquanto tinha Alain ajoelhado no chão, e lhe segurava os cabelos fazendo Alain ficar com o pescoço numa posição tão antinatural que só mais tarde reparei como ele tinha o rosto ensanguentado.
Estremeci quando Alexander deu uma joelhada no rosto de Alain fazendo novo estrondo e ouvi como o som atroz dos ossos faciais de Alain se partirem e ele cuspir sangue. Ele ficaria bem, mas devia ter doido. Muito. Alex empurrou o rosto dele para o chão.
- Eu não podia ter dito nada. – Alain cuspiu sangue e mexeu o rosto levantando-se – As ordens foram nunca mais prenunciar o nome dela na tua frente, ou algo relacionado com ela! Se começa-se a falar nunca terminaria a frase. Nunca deixarias. Matavas-me.
Alex esmurrou o seu estomago e Alain dobrou-se, e tentou defender-se tentando acertar o ombro de Alex. Acertou um pouco o que o enraiveceu mais e eu não ia deixar aquilo continuar.
- Parem os dois! – aproximei-me sabendo perfeitamente que Alex não ia continuar as agressões comigo tão perto e podendo acertar-me. Fiquei no meio deles, e olhei para Alex – Eu disse-te que ele não sabia nada de mais! Não sabia quem era Yakiv. Só sabia que me devia ter conhecido, foi o que o Yakiv me tinha dito.
- Ele devia ter-me dito!
- Não podia! – rugiu também Alain – Eram as tuas ordens! – Alain tinha o rosto com um rasgo grande e o nariz ensanguentado. Desviei o olhar com remorsos – Não sabia nada de mais. Só que ele devia ter ajudado a Nikka. E não me atreveria a falar o nome dela na tua frente. Não podia.
- Alex, ele tem razão. – tentei falar com calma. Ele bufou e olhou com raiva para Alain. – Para com isso, já o castigas-te. E estão a dar um espetáculo.
Alain massajava o queijo, e os seus braços não deviam estar muito bem, pois um prendia ligeiramente torto. Vários vampiros olhavam a cena. E vi Jullian na porta que observava toda a cena pensativa, enquanto Kawit se divertia.
- Ainda vamos conversar mais. – ameaçou Alex quando o tentei puxar pela mão para dentro.
- Não, não vais. – segurei o seu rosto, fazendo-o olhar-me. Ele só tinha olhos para Alain. Eu sabia que ele não o devia matar, caso contrario já o teria feito. Mas queria mesmo era uma boa luta. E pelo estado de Alain, não seriam bons momentos.
- Podemos conversar. – resmungou Alain – Mas a culpa é tua. Foram ordens tuas.
Nem a minha mão entrelaçada na dele impediu o que veio a seguir. Alexander escapou de mim e saltou para cima de Alain. Alain defendeu-se como pode, tentando afastar Alex com punhos, mas não adiantou muito. Alex não usou o fogo, por isso era mesmo só para descarregar a raiva. Tentei não me importar.
Não resultou. Assim que Alain foi atirado contra a parede do castelo e já se começava a levantar, eu meti-me no caminho de Alex e barrei-lhe a passagem.
- Porque estás a defende-lo? – rugiu-me – Ele escondeu coisas do Rei, não percebes isso?! Sai da frente.
- Ouve-te a ti próprio. Ele só respeitou as tuas ordens! Não podia saber que querias essa informação. Por favor, para com isso.
Ele não me respondeu e entrou no castelo. Ouvi o som de varias coisas serem partidas e depois silencio.
- Desculpa. – pedi a Alain assim que me aproximei dele e ouvi o som que o seu ombro fazia enquanto ele o colocava no lugar. – Nem pensei que ele reagiria assim, se não teria contado como se não tivesse importância. Nem reparei que ele ficou muito furioso, ele não falou nisso mais. Eu sabia que ele não queria ouvir o meu nome.
- Deixa. – desvalorizou – Ele só quis descarregar a raiva que tinha por ele próprio. – sorriu sempre com aquele charme e simpatia característica.
- Deixa. – desvalorizou – Ele só quis descarregar a raiva que tinha por ele próprio. – sorriu sempre com aquele charme e simpatia característica.
Ouvi o meu nome rugido como se fosse um trovão e corri para dentro, até o quarto antes que Alex saltasse da janela por onde nos estava a observar e começasse tudo de novo.
- Já toda risinhos para Alain? – resmungou quando entrei no quarto.
Eu ri, mas pela carranca dele achei melhor levar a conversa a sério.
- Não estejas assim. Ele só seguiu as tuas ordens.
- Devia ser inteligente o suficiente para perceber que na verdade eu queria a informação. Esteve mais de meio ano com a informação só para ele.
- Tu estás a pensar a quente. Ele não podia saber. Tu tomavas a postura de quem não se importava, ficavas com sede de vingança, com raiva sempre que ouvias o meu nome.
Ele passou a mão pelos cabelos mais desalinhados que o normal pela luta. Não disse nada, mas sabia que essa era a forma de ele começar a aceitar que estava enganado. Não que ele fosse admitir isso alguma vez. Sentei-me na cama, enquanto ele tirava a camisa e ia para a casa de banho. Mas voltou e fitou-me irritado.
- Porque estavas toda animadinha a rir-te para ele?
- Oh, não estava nada a fazer isso. Estás com ciúmes? – provoquei-o.
Ele riu. Mas eu conhecia a entoação daquele riso.
- Achas que te deves preocupar com ele nesse aspecto? – sorri-lhe a provoca-lo – Achas que tens de ter ciúmes dele?
- Diz-me tu.
- Se tu não sabes, não vou dizer.
- Não me provoques, Nikka. – rugiu mal humorado e foi tomar banho.
Ouvi o som da água a correr e entrei na casa de banho, despindo-me.
- Nikka? – olhou-me já com as presas alongadas e os olhos ensanguentados, enquanto abria a porta do boxe para eu entrar.
- Podes ter certeza que é a Nikka! Nenhuma outra vai entrar assim enquanto tomas banho. Só por cima do meu cadáver. Quer dizer… do outro tipo de cadáver. Sabes o que quero dizer.
^Espero que tenham gostado do capitulo!!
Não se esqueçam do comentário :P Que eu estou mesmo curiosa para saber o que acharam.
Estes dois já mereciam era assim um clima de romance que dure xD
Beijinhos!
=*